Estas dobraduras simbolizam as memórias e o legado de Shozo Kawamoto, sobrevivente do bombardeio atômico de Hiroshima em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial. Kawamoto faz dobraduras de tsurus (pássaros) e aviões, há várias décadas. Visitado pela psicanalista brasileira Cristiane Nakagawa, mãe da nossa aluna Ingrid Mai N. Theodoro, disse-lhe que dobraria alguns especialmente para que ela pudesse presentear crianças e pessoas que lhe fossem especiais. Cristiane escolheu o Ítaca para presentear.
Shozo complementou: “Fale para elas que quem os fez com muito carinho foi o último órfão de Hiroshima e conte que o tsuru é o legado deixado pela Sadako, uma hibakusha [sobrevivente do bombardeio atômico] que tinha 2 anos no dia da explosão. Após a guerra, ela teve leucemia e acreditava que dobrando mil tsurus não morreria. Ela não conseguiu terminar de dobrar os mil tsurus, pois morreu antes. Mas nós, hibakusha, continuamos a dobrar seus tsurus respeitando o legado da esperança de Sadako. E, durante a guerra as crianças não podiam ter brinquedos. Minha mãe, escondido, fazia aviões de papel para brincarmos. Uma mulher que no meio da guerra nos fazia brinquedos, que amava os filhos e cuidava de nós da melhor forma possível. Então, também faço aviões de papel sendo pilotados pelos tsurus. E são distribuídos. Assim, o legado de minha mãe será sempre acompanhado pelo legado de Sadako, que fazia os tsurus. Esperança e amor.”
Abaixo, o PDF com texto completo da Cristiane, sobre a história dos tsurus.