A ENERGIA DAS MARÉS

Maré alta – Lua nas fases nova ou cheia – as forças de maré provocadas pela Lua e pelo Sol agem na mesma direção, de forma que a maré resultante é mais intensa.
Maré baixa – Lua nas fases de quarto crescente ou quarto minguante – as forças de maré provocadas pela Lua e pelo Sol agem em direções diferentes, de forma que a maré resultante fica atenuada.

 

Em março de 2021, o megacargueiro Ever Given ficou encalhado no canal de Suez por dias, apesar dos esforços de dezenas de rebocadores para retirá-lo e liberar a passagem de navios que usam essa rota entre a Europa e a Ásia. O trabalho só teve sucesso com a subida da maré: a embarcação pôde assim flutuar e liberar o tráfego. Mas por que a maré sobe e desce?

Marés são as alterações cíclicas do nível das águas do mar causadas pelos efeitos combinados da rotação da Terra com as forças gravitacionais exercidas pela Lua e pelo Sol sobre o campo gravítico da Terra.
Informalmente, dizemos que a Lua “puxa” as massas de água em sua direção, mas há outras contribuições, como se disse. A maré é um dos efeitos da ação do campo gravitacional de outros corpos sobre a Terra, mais precisamente, sobre os oceanos. O campo gravitacional foi descrito, em 1667, pelo notável Isaac Newton (1643-1727), reunindo o conhecimento de todos os filósofos naturais que o precederam. Para Newton, a gravidade é uma força que age entre corpos de qualquer tamanho, e depende da massa de cada um e da distância entre eles. É essa força que nos permite a sensação do peso e também regula as distâncias entre os astros no espaço.

A noção de gravidade foi ampliada por Albert Einstein (1879-1955), com a teoria da Relatividade Geral, em 1915. Para Einstein, a gravidade é o resultado de uma deformação do espaço próximo a objetos com massa: quanto mais pesados, mais curvo o espaço em torno deles. O movimento dos objetos, então, segue trajetórias determinadas por essa curvatura. A gravidade é uma das quatro forças fundamentais da natureza, sendo a mais fraca e a mais inclusiva: age sobre todas as partículas, até sobre a luz!

Mas voltemos aos oceanos. A Lua é o corpo celeste mais próximo da Terra; sua massa e a distância a que se encontra determinam forças de atração que variam de acordo com sua posição em torno da Terra, de modo que a região mais próxima do nosso planeta sofre as maiores influências. Quando essa força é aplicada sobre o oceano, há uma elevação do nível da água na direção da Lua, e essa situação é chamada de maré alta. O Sol também exerce influência sobre as marés: o Sol é 30 milhões de vezes mais pesado que a Lua e está quase 4 mil vezes mais distante da Terra do que a Lua, então a sua contribuição é em torno de metade da influência do satélite. Nada que se possa desprezar.

A sizígia é uma situação astronômica em que os três astros estão aproximadamente alinhados (e os casos mais emblemáticos são os eclipses); nessas situações, em que ocorrem a lua cheia e a lua nova, as forças de maré do Sol e da Lua se reforçam e criam as marés de sizígia. É nessa situação que ocorrem as maiores marés altas e as menores marés baixas, porque a maré sobe mais e desce mais do que as médias diárias. Nas fases de lua crescente e de lua minguante, os efeitos dos dois astros praticamente se cancelam, e aí temos as menores marés baixas e as maiores marés baixas.

Há também outros fatores que influenciam a ocorrência de marés, como a translação da Terra em torno do Sol. Nos equinócios de outono e de primavera (que em 2021 ocorrem dia 20 de março, e 22 de setembro, respectivamente), as marés altas são maiores e as marés baixas, menores. Assim, por exemplo, o desencalhe do Ever Given se deu com o trabalho dos rebocadores mais o feliz acaso da ocorrência da maré alta na sizígia e a proximidade do equinócio de outono.

A movimentação das águas ocasionada pelas marés pode, inclusive, ser utilizada para gerar energia. As usinas de energia de maré (maremotrizes) mais importantes estão na região do mar do Norte, próximo à Escócia.
Em tempos de uso consciente de energia, todas as formas de conversão de energia, em geral, para eletricidade, devem ser consideradas. Todos os países têm uma matriz energética específica, de acordo com suas peculiaridades históricas e geográficas.

Referências
• Movimentos da Terra e da Lua, com uma animação: http://www.astro.iag.usp.br/~gastao/PlanetasEstrelas/TerraLuaSol.html
• Marés
Silveira, Fernando. (2003). MARÉS, FASES PRINCIPAIS DA LUA E BEBÊS. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/306032185_MARES_FASES_PRINCIPAIS_DA_LUA_E_BEBES . Acesso em 27 abr 2021.
• Usina maremotriz
http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/mar/mar.html
https://betaeq.com.br/index.php/2018/04/13/conheca-ak-1000-maior-turbina-movida-energia-de-mares/
https://ciclovivo.com.br/planeta/energia/turbina-flutuante-escocia-energia-mares/
https://www.flickr.com/photos/evo_gt/12266768565/in/photostream/lightbox/