Texto dos Professores Fernando Vidal (Filosofia EM) e Renato Izabela (História da Arte EM) publicado no blog do Estadão
Uma caminhada com os alunos do 3º ano EM pela bairro da Vila Madalena: primeiro, a exposição Imagine Brasil, no Instituto Tomie Ohtake; depois, os muros grafitados dos Becos do Batman e do Aprendiz. Um roteiro em que aspectos da arte contemporânea são vivenciados, dentro e fora do museu, em diálogo com as aulas de História da Arte.
Dentro do museu: exercitar o olhar, observar as múltiplas possibilidades de suportes como pinturas, esculturas, instalações, fotografias, vídeos, música, para assim entender melhor essas linguagens da contemporaneidade. Convenhamos que, às vezes, pela maneira intrincada como são abordadas, essas linguagens aparentam ser coisa de outro mundo, narrativas incompreensíveis. Para dissolver essa estranheza que bloqueia o pensamento e a percepção, só mesmo se abrindo com generosidade às propostas dos artistas. Nesse sentido, a exposição que visitamos nos pareceu um bom ponto de partida: Imagine Brasil é um amplo panorama da arte contemporânea brasileira, em que artistas jovens ‘convidam’ aqueles que consideram suas referências, e isso dá um pouco do tom da mostra – formas, procedimentos, temas – e dos rumos que a arte trilha entre nós, hoje. Inevitáveis, então, os questionamentos, ideias que nos fizessem matutar; além de uma oficina, que gerou trabalhos. Assim, constituindo uma experiência interessante e significativa em si mesma, essa proposta também complementa, por assim dizer, seminários apresentados pelos alunos, em aula, sobre temas da arte contemporânea.
Fora do museu: sentir a Arte de Rua ou “Arte Pública”, que traz uma linguagem ilustrativa, com uma narrativa que se aproxima de cartuns ou psicodelismos. Podemos, quem sabe, chamar essas intervenções de “tatuagens na cidade”. Os alunos se sentem mais familiarizados com essa forma de arte, talvez por conta da linguagem carregada de símbolos do universo juvenil. E, o que também é mais comumente possível na rua, encontramos ali um artista, o grafiteiro Boleta, que estava trabalhando e trocou algumas informações conosco sobre traço, tintas, spray etc.
De dentro pra fora (ou de fora pra dentro), o que muda e o que permanece? Não vamos forçar a mão, é claro, com formulações genéricas acerca da relação entre o espaço sacralizado e silencioso do museu e o espaço profano e barulhento da rua. Pelo que pudemos notar, os alunos perceberam fricções, atritos e convergências entre as formas de arte com que tomaram contato durante esse breve passeio. Assunto a ser retomado em sala de aula. Seja como for, essas vivências não são apenas um suporte didático; mais do que isso, são um tempo em que o acesso à produção cultural da cidade proporciona também um exercício coletivo da imaginação e do pensamento.