Os alunos e alunas dos 2ºs anos do EF1 mobilizam seus repertórios e história de vida para que se entendam no mundo e invistam na relação com saberes e assuntos que desejam acessar e descobrir. O tempo já é uma perspectiva concreta para a criança nessa etapa de crescimento , uma experiência presente nas suas ações diárias, em casa e na escola.
O tempo é que é a matéria do entendimento. Guimarães Rosa
Foi nesse viés que introduzimos a proposta de organizar oficinas em que cada criança apresentaria um assunto no decorrer do semestre, uma habilidade com a qual se identificasse e fosse possível transmitir para sua turma na escola. E falamos como cada pessoa sabe bastante sobre algo e pouco sobre outra coisa.
Então, um cronograma de oficinas foi organizado e estudantes foram o “professor” do grupo naquela data, em alguma delas.
Os resultados foram incríveis, pelas curiosidades trazidas, e pela atuação desses “mestres”, organizando tempo e material, respondendo às perguntas, envolvendo os colegas. Expressaram suas competências e adquiriram experiência.
A Oficina de Saberes, nome dado pelos 2ºs anos, trouxe trocas e descobertas de si mesmo e do outro.
Seguem alguns exemplos de assuntos e depoimentos das turmas:
- “Só para mandar para alguém que você ama muito” (aluna, para ensinar ao grupo um delicado cartão com movimento).
- “Eu não sei fazer nada que possa ensinar para os outros”. (poucos dias depois, esse aluno chegou animado, com material já preparado para ensinar Duolingo, confiante para explicar o passo-a-passo de acesso ao jogo e para em responder às perguntas).
- “É bem fácil de fazer, é para todo mundo conseguir fazer e ficar legal.”
- Outra aluna envolveu todos com canções, apresentou técnicas de canto, seus artistas favoritos e a importância de cada música escolhida.
- O Hip Hop também veio: um aluno falou com propriedade sobre seus aspectos culturais, musicais, estéticos, além de ensinar passos importantes !
- Ensinar Pebolim teve também sua vez e foi um sucesso total!
- Construir garrafa colorida, outro momento artístico de atenção e contemplação.
- “Sabe, tem algumas coisas que ficam mais difíceis de todo mundo fazer. Tem dobraduras que tem gente que não entende direito. Tô pensando em mudar meu tema de oficina, tudo bem?”
- “Escolhi ensinar algum artesanato. E achei que ensinar o que eu gosto podia ser uma boa ideia, porque as pessoas podem gostar também.’’
- ‘’Esqueci da oficina!’’ (aluno um dia antes, da sua oficina…) Precisávamos mudar a data? Não! No dia seguinte, chegou todo equipado!
Isso foi o tempo, surpreendendo e mediando o processo de aquisições dos estudantes em seu início de vida escolar.
Uai, mãe, hoje já é amanhã? Guimarães Rosa