A retomada de 2021 começou com o EF1 abordando conteúdos significativos do desafiador ano de 2020.
Ao lado disso, outras questões surgem, instigando novos saberes, novos olhares. E as aulas de História e Geografia do 4º ano apontaram para a busca de assuntos territoriais e de identidade. Pensando a cidade como algo a ser descoberto, as turmas já haviam trabalhado, em 2020, com o texto “Butantã“, do livro “Crônicas da cidade de São Paulo”, de Daniel Munduruku, escritor e cidadão indígena.
Por meio dessa narrativa propôs-se um olhar para outra paisagem da cidade, o Pico do Jaraguá, que tem a presença da comunidade dos Guarani.
Estava aberto um caminho de pesquisa, identidade, trocas e descobertas, a partir do que é familiar em direção ao desconhecido, despertando curiosidade e empatia.
Esse mergulho na cultura originária de povos nativos do território em que vivemos hoje foi o vislumbre de uma realidade da qual pouco se fala no Brasil atual. E também oportuna por ter sido proposta logo antes do estudo sobre ‘’As Grandes Navegações’’ e o impacto que produziram sobre as populações que viviam nos territórios onde os colonizadores chegaram.
As professoras Fabíola, Mariana e Marina organizaram, então, os alunos em grupos de estudo e pesquisa sobre esses povos e sua cultura, por meio da literatura e de conversas com pessoas e familiares conhecedores do assunto.
Em meio às descobertas e às descobertas, o aluno Tomé levou para seu grupo informações sobre os Awá-Guajá, povo de língua Tupi-Guarani da Amazônia Oriental, cuja cultura seu pai, o antropólogo Uirá Garcia, estuda. A professora Mariana fez, então, um convite a Uirá para um bate-papo com as 3 classes dessa série.
Os alunos e alunas se prepararam para o encontro, elaborando suas perguntas:
• Você já lutou com alguma onça?
• Você foi em alguma aldeia durante a pandemia? Levou máscaras para os indígenas?
• Os Guajá têm algum ritual?
• Como eles conseguem fazer coisas tão boas só com elementos da natureza?
• Você precisa de permissão para entrar na aldeia?
• Os Guajá caçam? Se eles caçam, o que mais gostam de caçar?
• Como é seu trabalho? Você gosta dele? Tem alguma equipe?
Essas e outras questões abrangendo um vasto campo de conhecimentos – ambientais, sociais, pessoais, históricos – foram enviadas antecipadamente a Uirá, que reagiu com entusiasmo às indagações.
Manteve-se, no decorrer do encontro, realizado em 17 de março, uma roda de histórias, presenteada pelo antropólogo, com ótimos interlocutores e alimentada por mais perguntas, imagens e casos.
Essas experiências enriquecem a vida, como na reflexão do filósofo e pesquisador Renato Noguera, a partir de outras narrativas:
’O que a história ‘’As mil e uma noites’’ nos ensina é que a vida é um fenômeno narrativo, e a maneira como relatamos nossas histórias, mesmo as mais cotidianas, possibilita que pessoas se aproximem ou se afastem de nós.”
Observação: Em Língua Portuguesa os quartos anos estão lendo o livro ‘’As mil e uma noites ‘’, da cultura árabe, em que a personagem Sherazade conta, todas as noites, uma história que continua na noite seguinte, como forma de sobreviver à ameaça de morte.