Mudanças ambientais geram impactos sobre a biodiversidade e repercussões importantes para a saúde. Animais se aproximam das populações humanas em busca de alimento e abrigo ou deixam de ser controlados por seus predadores aumentando o risco de transmissão de doenças. Monitorar os agentes patogênicos que circulam na natureza ou nas bordas de ambientes rurais e urbanos, antes que cheguem as pessoas, é um desafio num país com as dimensões continentais do Brasil.
Nessa conjuntura, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) criou um aplicativo de monitoramento da saúde de animais silvestres, que pode ser baixado e instalado gratuitamente em sistemas Android e iOS, para prevenir doenças. O Sistema de Informação em Saúde Silvestre (Siss-Geo), desenvolvido pelo Programa de Biodiversidade e Saúde da fundação — em parceria com o Laboratório Nacional de Computação Científica—, serve para que o usuário envie fotos de bichos flagrados pela cidade, podendo incluir informações adicionais sobre a localização, problemas de saúde e comportamentos atípicos que tenha observado.
A partir dos registros de animais observados e da informação de possíveis anormalidades (como feridas, comportamento estranho) e das características do ambiente onde foi feita a observação, o sistema gera modelos de alerta de ocorrências de agravos na fauna silvestre. Estes alertas a serem investigados pelos setores responsáveis e com apoio da Rede de Laboratórios em Saúde Silvestre e de especialistas confirmarão ou não os agentes patogênicos associados ao alerta. Estas informações serão disponibilizadas para os tomadores de decisão e a sociedade e são a base para o desenvolvimento de modelos de previsão, de modo que seja possível agir antes de que doenças acometam pessoas e outros animais.
Em maio deste ano, o Siss-Geo foi um dos três finalistas do Prêmio Nacional de Biodiversidade, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente. Cerca de 900 trabalhos de todo Brasil concorreram à premiação
A coordenadora do programa da Fiocruz, Márcia Chame, diz que o aplicativo vai enviar dados confiáveis para para especialistas e setores responsáveis pelo trabalho de monitoramento. Um sistema de modelagem matemática vai estabelecer relação entre a distância e a frequência dos registros com as anormalidades informadas, o tipo de animal envolvido e outros dados para o desenvolvimento de alertas.
— Esse é um sistema de informação de saúde silvestre que utiliza a ciência cidadã. Qualquer pessoa pode participar. Nas regiões do interior onde a telefonia e internet não estão disponível, o agricultor poderá fazer a foto, salvá-la e enviar a imagem posteriormente, quando tiver acesso à rede — diz Márcia, acrescentando. — O usuário do aplicativo contribui ao informar o nome do animal, se está vivo ou morto, se apresentava um comportamento estranho ou ainda se estava próximo de uma área de queimada, rio ou expansão imobiliária.
Desde o início do funcionamento do App, foram enviados por colaboradores registros do Rio, do Pará e de Minas Gerais. No município do Rio, as fotos encaminhadas eram de saguis, macacos-prego e quatis. No entanto, na cidade também são encontrados outros animais silvestres como a capivara e o jacaré.
Este aplicativo vem colaborar para fortalecer a conservação da biodiversidade brasileira, a melhoria da saúde humana e de todas as espécies e boas práticas para o desenvolvimento sustentável.
Referências
http://www.biodiversidade.ciss.fiocruz.br
http://oglobo.globo.com/rio/aplicativo-da-fiocruz-monitora-saude-de-animais-silvestres-flagrados-em-areas-urbanas-16456666
http://sbmt.org.br/portal/sistema-de-informacao-em-saude-silvestre-permitira-monitoramento-participativo-de-emergencia-de-zoonoses/
http://www.biodiversidade.ciss.fiocruz.br/apresentação-0