Texto de Maurício Costa Carvalho (Geografia EM) e Mercedes Ferreira (Direção EM) publicado no blog do Estadão
– Mas tem tanto, que não é o meu que vai fazer diferença…
– Ué, vem falar comigo? E essas indústrias e lojas e clubes, por exemplo?
Essa é a distorcida dimensão que se tem, na maioria das vezes, a respeito do real significado de cada lixo individual diário que produzimos e de como se compõe o todo: não associamos de verdade aquele saquinho de aparência mais inócua às montanhas que se formam nos aterros e nos lixões, que poluem as águas, que entopem as cidades. Sequer percebemos que, guardadas as justas proporções, estamos enfileirados com as tais indústrias e lojas e clubes e tudo o mais. E a triste paráfrase do verso de Gertrude Stein, no título acima, torna-se o inevitável retrato da situação.
Nesse contexto, todas as iniciativas que cutuquem, incomodem, alertem, eduquem, conscientizem são sempre bem-vindas. Por isso, antes de tudo, é fundamental prestigiar, valorizar, tornar possível a existência (e a resistência) de pessoas ou entidades e instituições sérias que se propõem a essas tarefas. Elas só existem e sobrevivem se houver interlocutores, pra começo de conversa; assim, por exemplo, ir a um local para ver e ouvir e discutir e trocar reflexões sobre o assunto já é o primeiro movimento politizado, primeira atitude que abrange o individual e o coletivo. E daí, espera-se, surgirão bons frutos de todos os matizes.
E foi exatamente pensando assim, que, no último dia 2 de junho, estudantes do Ensino Médio do Ítaca estiveram na Biblioteca do Parque Villa-Lobos, assistindo a Trashed – Para Onde Vai o Nosso Lixo?, a convite da Ecofalante, entidade que promove discussões e reflexões sobre o meio ambiente, a partir de filmes e documentários. Produzido e narrado pelo ator Jeremy Irons, Trashed (2o12), mostra imagens contundentes de como o descarte inadequado de resíduos sólidos pode oferecer grandes riscos à saúde humana e ao planeta, analisando as soluções que hoje existem para a questão. Depois da exibição, os estudantes e professores tiveram a oportunidade de conversar com especialistas da instituição e consultores para sustentabilidade, discutindo, inclusive, qual o papel de cada um de nós diante de tal problema, não só como consumidores, produtores de lixo e até recicladores, mas também como divulgadores das questões ali discutidas. Esse evento foi parte da 4ª Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental, que promoveu nas bibliotecas São Paulo e Villa-Lobos, entre outros locais, uma programação especial, durante a Semana do Meio Ambiente.
As ações cotidianas necessárias à promoção de uma vida ambientalmente sustentável, aliadas à consciência de que é necessário também um fazer político com vistas a soluções eficazes, levam a responsabilidade de cada um para o futuro, além de já serem necessárias no presente. Como muito do trabalho que se faz na escola, os resultados devem ser pensados também a médio e longo prazo, com os adultos que logo logo esses alunos serão.