Além de deter a desertificação, a Grande Muralha Verde também se concentra no acesso à água e à energia solar e no desenvolvimento socioeconômico, incluindo hortas comerciais, piscicultura, criação de gado e aviários, para fornecer empregos para a população local.
Em 2007, 11 países africanos – Burkina Faso, República do Djibouti, Eritreia, Etiópia, Mali, Mauritânia, Niger, Nigéria, Senegal, Sudão e Chad – uniram-se, formando a União Africana e se comprometeram a plantar árvores que resistem bem à seca, para formar A Grande Muralha Verde (The Great Green Wall), em uma imensa área desértica, na região do Sahel (faixa de mais de 5.000 km que separa o extenso Deserto do Sara da restante África subsariana).
Trata-se de ‘construir’ uma ‘floresta’ de 8 mil km de extensão e 15 km de largura, em um dos lugares mais vulneráveis, pobres e áridos do planeta, onde as temperaturas sobem mais rápido do que a média global, registrando secas e inundações cada vez mais constantes, que levam à degradação de terras e de fontes de alimentos.
Porém, “não se trata apenas de plantar árvores na região, mas também de abordar questões como alterações climáticas, seca, fome, conflitos, migração e degradação de terras”, sublinha Janani Vivekananda, especialista em alterações climáticas da Adelphi, uma think tank (laboratório de ideias), especializada em clima, meio ambiente e desenvolvimento.
Em 2021, a Grande Muralha Verde já contava com 15% da área coberta por árvores porém, além de questões de ordem financeira, a instabilidade política de alguns países da região, que registram a presença de organizações terroristas, pode ser uma dificuldade. Outro problema é o fato de as árvores serem plantadas numa zona onde ninguém poderia viver e cuidar da plantação.
Um documentário
Em 2019, a Grande Muralha Verde foi parar nas telas dos cinemas pelas mãos do diretor Jared P. Scott e do cineasta brasileiro Fernando Meirelles (que, aqui, foi produtor executivo) e pela voz da cantora e ativista malinesa Inna Modja, além do apoio da Convenção de Combate à Desertificação, da ONU.
O filme já foi exibido em diversos festivais e ficou pouco tempo nos cinemas. No Brasil, foi exibido na Mostra Ecofalante de Cinema, mas não está acessível no momento (reproduzimos aqui o trailer).
Esperança no futuro
Apesar dos desafios, Hans-Josef Fell, presidente do Energy Watch Group, acredita que o “sonho verde pode tornar-se realidade”. E Vivekananda acredita que, se os governos da África se concentrarem nessas etapas, uma nova maravilha do mundo poderá surgir nos próximos dez anos; em breve poderemos ter não uma parede contínua, mas um mosaico rico de diferentes iniciativas que contribuem para a subsistência e a segurança alimentar das pessoas. Se forem incluídos mulheres e jovens, a Grande Muralha Verde, até 2030, vai ser um sucesso”, conclui.
Referências
https://conexaoplaneta.com.br/blog/a-grande-muralha-verde-iniciada-em- 2007-na-africa-ganha-floresta-olimpica-com-355-mil-arvores/
https://www.dw.com/pt-002/os-desafios-da-grande-muralha-verde-de-africa/a-52990367
https://news.un.org/pt/story/2021/11/1770712
https://www.facebook.com/GreenWallAfrica/